segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Marcel Stürmer

 


Marcel Stürmer, considerado o maior atleta da patinação artística que o País já teve, diz que vive uma contradição. Apesar de conquistar diversas medalhas para o Brasil, seu amadurecimento profissional foi adquirido nos Estados Unidos, onde passou dois anos treinando."Isso me desperta uma sensação contraditória porque eu ganho medalhas para o Brasil, mas quem me deu toda a base, todos os truques para ganhar essas medalhas foi outro país", disse ele em entrevista ao Terra, durante um dia de treinamento na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul."O atleta não ganha porque ele é bom, ele ganha porque tem o talento, sabe treinar, sabe competir e ganhar. Tem uma diferença entre saber competir e saber ganhar", afirmou ele, sobre o período de aprendizado pelo qual passou em terras estrangeiras.

O convite surgiu após conquistar o Campeonato Mundial na Alemanha, em 2003, quando foi chamado pela treinadora da seleção americana para viver e treinar nos EUA, onde ficou por dois anos. "Ela me disse que eu tinha muito talento, mas várias coisas precisavam ser polidas".Marcel lembra que recebeu convites para se naturalizar americano, mas resolveu voltar ao Brasil porque havia conseguido assinar um contrato de patrocínio. "Lá eu tinha de tudo, mas era uma vida de cão, muito dura, muito regrada. Eles controlavam o horário que eu ia dormir, o quanto de entretenimento eu poderia assistir na televisão (...) vivia machucado, com dores, com o pé sangrando, porque é um esporte de muita repetição. Mas foram anos importantes, e eu pude perceber o quanto eu queria".


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Hoje, após ter conquistado quase todas as medalhas possíveis para no esporte, Marcel diz que o foco são os Jogos Pan-Americanos - que acontecem em Guadalajara, no México, em outubro deste ano - e o Campeonato Mundial que, pela primeira vez na história, acontece no Brasil - em novembro, em Brasília, no Distrito Federal.Para ele, o ano de 2011 deve ser um dos mais importantes da carreira. "Vai ser uma momento perfeito para o esporte brasileiro. A patinação está crescendo nos últimos anos e isso vem para coroar", disse ele ao falar sobre o ineditismo de um campeonato mundial no Brasil. "É difícil de acontecer até na América do Sul".Marcel despontou ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, na República Dominicana, em 2003, e repetiu o feito em 2007, no Brasil. Hoje, com 25 anos, dos quais 19 foram dedicados ao patins, afirma que só vai parar se estiver satisfeito com as conquistas."Se tudo der certo e eu ganhar a medalha de ouro de novo (no Pan) e for campeão mundial no Brasil, vou estar bem satisfeito com a minha carreira, vou ter conquistado todos os títulos que existem".

No entanto, mudanças no calendário de classificação para o Pan estão tirando a tranquilidade de Marcel, que nos meses anteriores a competição preferiria se concentrar na elaboração de novas coreografias e treinamento físico preventivo para evitar lesões.Ele já participou das classificatórias, conquistando medalha de ouro em ambas, mas ainda tem outros dois eventos no calendário das seletivas. "Eu gostaria de estar focando o treinamento no Pan-Americano, de ter mais tempo de criar novas coreografias ou movimentos, mas esse excesso de competição ao qual estamos nos submetendo impossibilita isso", reclamou.


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Preconceito

Sobre o preconceito contra o esporte, Marcel diz que hoje já não sofre mais com isso, e atribui o comportamento à impregnação da cultura futebolística no Brasil. "No começo era um tanto complicado porque o Brasil é o País do futebol, e o futebol não é só um esporte, é uma cultura... isso não molda só as pessoas interessadas, molda muita coisa que a gente nem se dá conta, que abrange várias camadas do fato social brasileiro".Ele diz que teve que superar barreiras por ser um homem na patinação artística, assim como a jogadora de futebol Marta Vieira da Silva e o ginasta Diego Hypólito também tiveram de enfrentar preconceito no mundo esportivo por questões de sexo ou nacionalidade."É lógico que as pessoas vão torcer o nariz para um homem que faz patinação, ginástica, ou para uma menina que faz judô, que quer jogar futsal", disse.

Para Marcel, a inclusão da patinação artística no calendário esportivo olímpico esbarra em questões políticas e no interesse do país sede."Tenho certeza de que se a Olimpíada fosse na Itália, a patinação estaria incluída, porque eles ganham todas as medalhas de ouro". Ele acredita que o Brasil como sede da Olimpíada de 2016 não só poderia como deveria.

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